segunda-feira, 17 de outubro de 2011

CARTA ABERTA das educadoras e dos educadores por um mundo justo e feliz!


Rio+20 na transição para Sociedades Sustentáveis.
(Versão Preliminar)

Nós, educadoras e educadores dos mais diversos lugares do Planeta, neste momento em que o mundo novamente coloca em pauta as grandes questões que foram tratadas na Rio 92, reafirmamos nossa adesão aos princípios e valores expressos em documentos planetários como o Tratado de Educação Ambiental para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global, a Carta da Terra, a Carta das Responsabilidades Humanas, a Declaração do Rio, entre outras. (1)
Mas só reafirmar já não basta! Transbordamos de referenciais teóricos que nos iluminam, e com eles os princípios, valores, diretrizes e linhas de ações propostos nos documentos citados precisam verdadeiramente sair do papel, pois o tal "desenvolvimento" atingido ainda aparta 80% da humanidade das condições mínimas de vida na Cultura de Paz, com justiça ambiental e social. (2)
É inadmissível que ainda tenhamos guerras, gastos com armas, um bilhão de famintos e miseráveis, falta de água potável e saneamento para imensas parcelas da humanidade. É inadmissível a violação dos Direitos Humanos (diversidade de gênero, etnia, geracional, condição social e geográfica), a perda da diversidade de espécies, culturas, línguas e genética, o lucro mesquinho, a violência urbana e todas as formas de discriminação e projetos de poder opressivos. (3)
As manifestações humanas em vários países pela derrubada dos ditadores de todos os tipos são indicadores da necessidade de novas propostas de organização dos 7 bilhões de humanos. Já é uma evidencia que a governabilidade e a governança do Planeta precisam estar nas mãos das comunidades locais nas quais deve existir a responsabilidade global com o Bem Comum de humanos e não humanos e de todos os sistemas naturais e de suporte à vida. (4)
Precisamos aprender e exercitar outras formas de fazer políticas públicas a partir das comunidades, e exigir políticas estatais comprometidas com a qualidade de vida dos povos. Para tanto, faz-se urgente fortalecer os processos educadores comprometidos com a emancipação humana e a participação política na construção de Sociedades Sustentáveis, onde cada comunidade humana sinta-se comprometida, incluída e ativa no compartilhamento da abundância das riquezas e da Vida no nosso Planeta. (5)
A capacidade de suporte da Mãe Terra está chegando ao limite, fato decorrente do modo de ocupação, produção e consumo irresponsáveis do capitalismo vigente, que se tornou o modelo econômico global, e agora também apresenta o discurso de Economia Verde. Para nós, quaisquer que sejam os conceitos ou termos utilizados, o indispensável é que a visão socioambiental esteja sempre à frente. A construção de Sociedades Sustentáveis com Responsabilidade Global fundamenta-se nos valores da vida aos quais a economia deve servir. (6)
Sociedades Sustentáveis são constituídas de cidadãos e cidadãs educadas ambientalmente em suas comunidades, decidindo a cada passo desta caminhada o que significa Economia Verde, Sustentabilidade, Desenvolvimento Sustentável, Mudanças Climáticas e tantos outros conceitos que, em muitos casos, se afastam de sua origem ou motivação que é a transição para um outro mundo possível, sendo cooptados ou cunhados já a serviço de uma racionalidade hegemônica e liberal. Cada comunidade pode ver e sentir além das palavras e da semântica, mantendo seu rumo em direção à união planetária, traçando sua própria História. (7)
Retomar e apropriar-se localmente destes conceitos sob a força da Identidade Planetária potencializará as comunidades aprendentes, a partir da prática dialógica, ao sentido de pertencimento e às mobilizações que se fazem necessárias para seu Bem Viver e Felicidade individual e coletiva. Neste exercício configura-se a essência da dimensão espiritual como prática radical da valoração ética da vida, do cuidado respeitoso a todas as formas viventes, unindo corações e mentes pelo amor. Trata-se de um processo que potencializa o indivíduo para a prática do diálogo consigo mesmo, com o outro, com a comunidade planetária como um todo, resgatando o senso de cidadania e superando a dissociação entre Sociedade e Natureza. (8)
Cabe, então, perguntar: onde se situa o papel da Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global? A resposta, em pleno século XXI, só pode ser uma: no Centro. No centro da vida cotidiana, da gestão educacional, da gestão política, econômica e ambiental. Assim se consolida a Educação Ambiental para o outro mundo, com justiça ambiental e social, assegurando o desenvolvimento de uma democracia efetivamente participativa capaz de garantir o desenvolvimento social, cultural e espiritual dos povos, bem como seu controle social. (9)
Queremos então estabelecer e consolidar Planos de Ação Locais e Planetário, tendo como foco principal uma educação que leve a desvendar as estruturas de classe e de poder entre pessoas, instituições e nações que atualmente imperam em nosso planeta Terra. (10)
Educar a nós mesmos para Sociedades Sustentáveis significa nos situarmos em relação ao sistema global vigente, para redesenharmos nossa presença no mundo, saindo de confortáveis posições de neutralidade. Porque a educação é sempre baseada em valores: nunca houve, não existe, nunca haverá neutralidade na educação, seja ela formal, não formal, informal, presencial ou à distância. (11)
Educadoras e educadores de todas as partes do mundo concordamos que o caminho para a real sustentabilidade pode ser feito por várias trilhas ou correntes que se pautam em valores e princípios que apontam para a sustentabilidade. Aprendizagem Transformadora, Alfabetização Ecológica, Educação Popular Ambiental, Ecopedagogia, educação Gaia, Educ-Ação Socioambiental são algumas delas. Todas estas correntes têm pontos em comum que trazem contribuições para a construção dos novos modelos de sociedade. E todas nos remetem à necessidade de desenvolver conhecimentos, consciência, atitudes e habilidades necessárias para participar na construção destes novos modelos, integrando-os em nossa forma de ser, de produzir, de consumir e de pertencer. (12)
Mais do que nunca apelamos por uma educação capaz de despertar admiração e respeito pela complexidade da sustentação da vida, tendo como utopia a construção de sociedades sustentáveis por meio da ética do cuidar e de proteger a bio e a sociodiversidade. Neste fazer educativo, a transdisplinariedade intríseca à educação socioambiental, leva à interação entre as várias áreas da ciência e da tecnologia e as diferentes manifestações do saber popular e tradicional. É o que permite a integração de conhecimentos já existentes e a produção de novos conhecimentos e novas ações socioambientais, no exercício do Diálogo entre Saberes e Cuidados como Tecnologia de Ponta na Educação para Sociedades Sustentáveis e Responsabilidade Global. (13).
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(*) Construção coletiva das instituições que integram a Secretaria Executiva da Jornada.


O QUE FAZER COM ESTA CARTA ABERTA?

a) Através do Comitê Facilitador Internacional da Jornada e de instituições parceiras, esperamos que ela entrará no mailing de todos, de maneira que a Carta chegue ao maior número possível de pessoas interessadas e comprometidas com a construção de sociedades sustentáveis e responsabilidade global.

b) O texto atual não é o definitivo. Assim, são bem-vindos comentários e sugestões para finalizar este texto com participação de todas as pessoas interessadas. Podem ser respostas individuais ou coletivas, feitas a partir da inclusão da carta na pauta de encontros, reuniões, seminários, enfim, de todo e qualquer espaço onde se posa divulgar a 2ª Jornada Internacional de Educação Ambiental como assunto de quem está interessado em participar da mesma, de forma presencial ou à distância.

c) Para facilitar a catalogação das respostas recebidas, no final de cada parágrafo incluímos um número que o identifica. Assim, agradecemos de antemão lembrar-se de colocar este número junto ao seu comentário.

d) Esta carta aberta será assunto de diálogos presenciais durante o Fórum Social Mundial que se realizará em Porto Alegre em janeiro de 2012. Por este motivo, o grupo de redação aguardará até o dia 25 de novembro os comentários e sugestões para dar início ao novo processo de estruturação da carta, a qual, normalmente, não deverá exceder duas páginas.

e) A Carta Aberta, a partir do FSM circulará amplamente para todos os Atores Sociais que, de alguma forma, estarão envolvidos na Rio+20 ou que são referencias na Educação Sociedades Sustentáveis Responsabilidade Global. Durante o evento da Rio+20, a Carta dos Educadores e Educadoras estará disponível no Espaço da Jornada de Educação Ambiental e em outros para assinaturas de adesão, além de ser trabalhada junto aos “Major Groups” no Evento das Nações Unidas.

f) Por favor, envie seu retorno ao e-mail jornadaRIO20@gmail.com. As informações recebidas serão novamente trabalhadas na Secretaria Executiva da Jornada com vistas à produção final do texto até janeiro de 2012.

É importante ter seu nome no caso de comentários pessoais; e, se a carta tiver sido trabalhada com algum grupo, identificar este grupo e a ação que desenvolveu. É muito importante dar visibilidade a este processo de construção coletiva.

Recebam nosso abraço e nossos bons votos para um bom trabalho nesta contribuição que queremos dar a caminho da Rio+20.


MOEMA VIEZZER
Coordenação da Jornada

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